A Natura &Co apresentou essa semana um plano, onde se comprometeu publicamente a eliminar até 2023, a diferença salarial residual que não se explica por variáveis legítimas e que pode constituir inequidade por gênero
Há décadas a fabricante de cosméticos Natura &Co trabalha para gerar oportunidade para homens e mulheres, seja por meio das vendas diretas, ou com benefícios para os funcionários, como o berçário dentro das sedes de São Paulo e Cajamar para pais e mães de crianças com até três anos.
Já na pandemia da covid-19, em plena crise sanitária, a companhia lançou a “Visão de Sustentabilidade 2030 — Compromisso com a Vida”, um documento com metas para a década. Ali, assumiu-se o compromisso de ter 50% de mulheres na alta liderança da empresa até 2030. Em outra frente, a empresa quer ter 30% de outros grupos pouco representados, como o de LGBTI+, em cargos de liderança daqui a nove anos.
Mas, além de aumentar a representatividade, foi percebida a necessidade de fazer mais e promover a equidade salarial. Ou seja, mulheres e homens que exercem a mesma função e tempo de casa devem ter remuneração semelhante. Parece óbvio, mas, ainda não é uma realidade nas empresas, e as mulheres seguem ganhando cerca de 30% menos que os colegas homens nas mesmas profissões, de acordo com pesquisa da economista Laísa Rachter, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
Na contramão do mercado, a Natura &Co se comprometeu com equidade salarial eliminando qualquer diferença de gênero até 2023. Para isto, um detalhado trabalho vem sendo feito. “Fizemos um mapeamento, trabalhamos com consultoria e estamos criando mecanismos que nos ajudam a fazer a gestão durante o ano, para que as admissões e movimentações também tenham um impacto em eliminar essa diferença”, diz Lilian Ikeda, gerente de remuneração sênior para Natura &Co América Latina.
Segundo ela, Entre as metas e ações a serem executadas até o fim desta década, estão compromissos específicos relacionados com balanço de gênero, equidade de salário, inclusão e renda digna.
“Desenvolvemos com a Mercer, consultoria líder em consultoria de recursos humanos, um estudo sobre a equidade salarial no grupo. Esse estudo, realizado durante o último trimestre de 2020, nos permitiu conhecer o ponto de partida sobre equidade salarial em todas nossas unidades de negócios. Ele incluiu dados dos funcionários em mais de 70 países, abrangendo dados de salário, posição, nível de experiência, tempo no cargo, desempenho, localidade e gênero”, afirmou a gerente.