Ele é Peruano, casado com uma Equatoriana e está no Brasil comandando a Mary Kay há 8 anos.
Já viveu em 5 países e neste período levou a operação no Brasil do Vigésimo lugar global, para o terceiro lugar, mesmo com a desvantagem da nossa moeda em relação ao Dolar.
Alvaro acredita que irá passar os EUA muito em breve e isso será um feito e tanto.
Foi quando se mudou para os EUA que se tornou funcionário da Mary Kay, diz Alvaro, lembrando do anúncio no jornal de domingo, que dizia: “empresa multinacional busca profissional com conhecimento da América Latina para desenvolver novo mercado.” “Sou eu!”, pensou.
A animação durou pouco. Buscando informações sobre a empresa, achou tudo muito estranho. “Eles vendiam cosméticos, mas não existia uma loja em shopping. Eu não encontrava o produto. Fui à biblioteca e vi que era uma empresa de capital fechado, mas sem muitas informações”, conta Alvaro, que decidiu não ir em frente com a empresa “fantasma”. Ao explicar a situação para a namorada e atual esposa, Tânia, ela tirou o estojo rosa da bolsa e mostrou vários produtos da Mary Kay. Assim, ele compareceu à entrevista, mas recebeu um feedback claro do vice- presidente internacional: “nós gostamos de você, mas temos a impressão de que você está com muita dúvida.”
A percepção foi certeira. Alvaro foi embora com um livro da biografia de Mary Kay Ash embaixo do braço e, alguns dias depois, voltou determinado. “Amei a missão dela”, afirma o executivo, sempre com um brilho nos olhos ao falar da fundadora.
Seu primeiro cargo na empresa de venda direta foi coordenador de administração internacional, ajudando na abertura de novos mercados. Era o ano de 1991 e, até então, a companhia estava presente em apenas cinco países. Um mês depois da contratação, Alvaro encontrou com Mary Kay Ash por acaso. “Dei um pulo! Eu só a conhecia por foto”, diz.
A empreendedora texana aproveitou a ocasião para transferir os 10 princípios do seu negócio, criado em 1963 com a missão de enriquecer a vida das mulheres em um mundo ainda dominado por homens. “As frases tinham a ver com as consultoras, as diretoras e as diretoras nacionais, que são a razão de tudo.
Aí começaram meus ensinamentos”, aponta Alvaro. Uma vez por semana, eles se encontravam para conversar, sendo que Mary Kay pedia ajuda na tradução de cartas escritas em espanhol por consultoras. “Mas um dia falei para o meu chefe: ‘amo as conversas, mas estou preocupado porque acho que ela pensa que sou tradutor!’”
Na verdade, as cartas faziam parte da estratégia de ensiná-lo sobre o negócio. “Até hoje me lembro da primeira, que era de uma consultora de Honduras que morava nos Estados Unidos”, comenta Alvaro, narrando a história da mulher que chorava de alegria por ter conseguido levar o marido e o filho a um restaurante pela primeira vez. “Era um agradecimento pelo fato de o negócio da Mary Kay permitir que ela pagasse esse passeio. E agora ela sabia que teria uma vida melhor e poderia mandar os filhos para a faculdade. Essa carta me marcou muito”, se emociona o executivo número 1 da Mary Kay no Brasil.
A fundadora deixou o dia a dia da empresa em 1996 e faleceu em 2001. Mesmo assim, a cultura que norteou os primeiros passos da empresa é intrínseca ao negócio até hoje.
É o famoso “Mary Kay Way”, o “jeito Mary Kay”. “Ela me ensinou a sempre sonhar, querer mais. Me ensinou que o objetivo não deve ser apenas um cargo, mas algo para você mesmo e sua família. Somente com essa emoção e motivação, você pode planejar sua meta. E assim ela criou uma empresa que oferece uma carreira para que as mulheres ganhem mais dinheiro. Essa é a diferença da Mary Kay para outras empresas de venda direta”, explica.
Ao mesmo tempo em que apoiava as consultoras, Alvaro também subiu os degraus na sua própria carreira corporativa. Quatro anos depois de ter entrado na empresa, ele foi promovido ao cargo de gerente de programas e concursos para o mercado de trabalho. Em vez de focar na expansão para outros países, o executivo recebeu a missão de atuar no consolidado mercado ele assumiu a direção de vendas de toda a América Latina. Os desafios foram aumentando, até a conquista da primeira direção geral de um país, que foi a Argentina, em 2001.
“Era um mercado importante, mas não estava dando certo na época. Meu trabalho foi o de unir o time que já estava lá. Saí a campo, trabalhei com as diretoras e aproveitamos a crise que se instalou no país para fazer o negócio dar certo”, expõe Alvaro, triplicando o faturamento em três anos. O bom resultado fez com que o CEO global enxergasse uma oportunidade para o mercado brasileiro, que patinava mesmo depois de uma década do início da operação.
Hoje, a Mary Kay no Brasil é a terceira maior em faturamento. E Alvaro acredita no potencial para crescer ainda mais. Para isso, ele segue a filosofia Mary Kay de valorizar e elogiar o trabalho das consultoras e do seu time, sendo direto e transparente quando necessário. “Não quero que ninguém fique com dúvidas sobre o que acho do trabalho que está sendo feito. Meu avô dizia que mais vale um momento vermelho do que cem amarelos. Isso significa que é melhor abordar assuntos difíceis sem demora, em vez de ficar sofrendo por mais tempo”, observa o executivo, repetindo a regra de ouro da fundadora: trate o outro como você quer ser tratado.
Com quase 60 anos e sem pensar em deixar a empresa tão cedo, ele brinca de sonhar com o futuro. Tudo indica que Alvaro e sua esposa estarão morando em alguma praia paradisíaca, enquanto ele trabalha na produção de livros. “Vou escrever um sobre a mulher, e o título seria algo como ‘Mulher Significa Ser Maravilhosa’. Eu falaria sobre o que aprendi com elas. Afinal, o poder das mulheres me levou a ter sucesso na minha vida pessoal e profissional. Também quero escrever sobre as minhas histórias ao lado da Mary Kay Ash e fazer palestras”, planeja o peruano, deixando claro que seus sonhos pouco se afastam do adorado “jeito Mary Kay”.