Cícero Saad Cruz, criador da Minerworld, denunciada como pirâmide financeira, divulgou um vídeo no Youtube, convidando pessoas para sua nova plataforma.
Na abertura do vídeo ele diz o seguinte:
“Olá miners, sou Cícero Saad, estamos em dezembro de 2018. Estou aqui fazendo esse vídeo para esclarecer para cada um de vocês um pouco do que está acontecendo com a empresa”.
No vídeo ele faz um resumo da ação cível pública, promovida pelo Ministério Público no Mato Grosso do Sul (MPMS) em abril deste ano, que trata o caso como crime contra a economia popular. Saad disse que “todo mundo foi pego de surpresa”.
Cicero Saaad, disse está colaborando com a Justiça e com o Ministério Público, citando que um dos pedidos das autoridades foi a determinação de paralisação total da empresa.
No entanto, cabe à Justiça saber se é ou não verídico, pois a corretora, que tem sede nos Estados Unidos, não se pronunciou.
“Nossos advogados, do Brasil e dos Estados Unidos, estão trabalhando em conjunto para a recuperação desses valores. Acredito que ‘voltará’ em breve”, disse.
Novo cadastro
O fundador da Minerworld, deixou claro de que o vídeo não era para se explicar, mas sim para chamar seus antigos clientes para uma nova plataforma.
Ele apresentou o novo site como “um sistema” para “um plano de pagamento” para quem está “com as contas abertas”.
Lembrou, ainda, que o grupo não esqueceu da ‘Mcash’, uma criptomoeda criada pela empresa para pagar valores atrasados e que foi vista pela comunidade como controvérsia, segundo o Midiamax.
O investigado também falou que está “trabalhando há meses, gerando um sistema” para que os clientes possam migrar as Mcash de uma plataforma para outra, que ele disse ser “a exchange da Minerworld”.
Segundo ele, somente desta forma o detentor das moedas vão poder utilizá-las. Mas faltou explicar quem as aceita e como trocá-la por fiat ou btc, por exemplo, pois a Mcash não está listada em nenhuma corretora de criptomoedas.
Ele apenas cita que as moedas poderão ser usadas nos comércios parceiros, mas não cita nenhum e diz que ainda está procurando parceiros, convidando comerciantes a entrarem em contato.
Saad termina o vídeo desejando feliz Natal e próspero Ano Novo.
O caso Minerworld
A primeira pessoa do alto escalão da Minerworld a depor na Justiça foi a empresária Rosineide Pinto de Lima que depôs, por vontade própria, no dia 17 de maio.
Lima fazia parte de um grupo criado dentro da Minerworld especificamente para responder pela diretoria e também coordenar grupos de recrutamento.
Este grupo era chamado internamente de G10. Eles que faziam a rede crescer por meio de reuniões e vídeos na internet.
Na ocasião, a empresária — que também recebeu intimação para depor no dia 24 de janeiro — disse ao MPMS que emprestou 47 bitcoins (na época avaliados em R$ 1,5 milhão).
De volta, ela alegou ter recebido cerca de R$ 300 mil de bônus e premiações entre maio de 2016 e fevereiro de 2018 e que se desligou da empresa ainda em 2017.
Sócios no banco dos réus
Na semana passada, a Justiça de Campo Grande (MS) marcou para o dia 24 de janeiro de 2019 o início do julgamento dos acusados de crime contra a economia popular que envolve as empresas Minerworld, BitOfertas, Bitpago e mais 16 réus.
A primeira audiência foi marcada pelo juiz titular da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos da Comarca de Campo Grande, David de Oliveira Gomes Filho, que definiu o horário das 14h para o início da “audiência de instrução e julgamento”.
Todos os envolvidos receberam intimação. São eles:
Cícero Saad Cruz, Johnes de Carvalho Nunes e Hércules Franco Gobbi, sócios da Minerworld.
Ivan Felix de Lima, Maykon Voltaire Grisoste Barbosa, Maiko Alessandro Cunha Franceschi e Rosineide Pinto de Lima também receberam a intimação e são tratados como sendo do ‘G10’, um ‘grupo de elite’ da empresa.
Em um outro grupo intimado, consta a esposa de Gobbi, Patrícia da Silva Beraldo, os pais de Saad, Raimundo Olegário Cruz e Mirna Saad Cruz, além de Edenil Neiva das Graças, Jeová das Graças Silva e Thayane Mayara Almeida Correia.
O esquema de pirâmide financeira
A empresas investigadas se apresentavam como plataformas de criptomoedas focadas no comércio de produtos usando o bitcoin como meio de pagamento e prometiam lucros exorbitantes em cima da criptomoeda.
Em 17 de abril deste ano, a BitOfertas, a Bitpago e a MinerWorld foram alvos do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Os agentes deflagram, então, operações nas cidades de Campo Grande (MS) e São Paulo, cumprindo mandados de busca e apreensão em suas sedes.
Segundo a polícia, o esquema tinha como seus principais dirigentes Cícero Saad, Hércules Gobbi e Johnnes Carvalho, que recrutavam pessoas para fazer parte do grupo que, segundo eles, era uma mineradora de bitcoin.
A Minerworld, que no final do ano passado já recebia várias reclamações sobre pagamentos não realizados (dos lucros prometidos na pirâmide) anunciou, então, o roubo dos bitcoins que a empresa sofreu na Poloniex.
A exchange, que tem sede em Delaware (EUA), não se manifestou sobre o caso e tudo passou a ser investigado como suposta formação fraudulenta de pirâmide financeira.
A operação, chamada ‘Lucro Fácil’, foi solicitada pelo MPMS após uma ação cível pública proposta pela 43ª Promotoria de Justiça.
A instituição é responsável pelas atividades de proteção e defesa dos interesses coletivos e individuais do consumidor.
O início das investigações deu-se depois da denúncia da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que verificou o público lesado e pediu providências.