Tupperware tem o Brasil como seu maior mercado mundial e mulheres estão se viciando na marca

A marca norte-americana Tupperware, cujos potes de plástico ficaram tão famosos que viraram sinônimo do produto, ampliou as vendas no Brasil em 32% no quarto trimestre, em reais. Convertido para dólares, o aumento de 57% foi o maior crescimento da América Latina.
A empresa obteve um aumento de 20% na base de representantes de venda direta e o resultado reflete ainda o ganho de produtividade e uma campanha marketing efetiva, disse a empresa.
As receitas encolherem 3% na Argentina, em dólares, mas subiram 42% se considerada a moeda local, principalmente por conta de repasses relacionados ao ambiente inflacionário.
Receita global
A receita líquida global somou US$ 600,9 milhões no quarto trimestre, alta de 1% na comparação com um ano antes.
Atualmente, 65% da receita da Tupperware vem dos mercados emergentes.
A EMPRESA
Fundada em 1946 como “Tupperware Corporation” pelo inventor Earl Tupper na cidade de Grafton, no estado de Massachusetts,EUA. Em 1958, transferiu sua sede para Orlando e em 2005 mudou sua razão social para a atual Tupperware.
Na década de 1950, a empresa criou o método da “Demonstração Domiciliar”, o que impulsionou suas vendas e, consequentemente, o crescimento da empresa. Na década de 1960, a empresa iniciou seus negócios na Europa.
Caixinhas para levar o biscoito ou o sanduíche de merenda das crianças; marmita com divisórias para o almoço no trabalho; recipientes para armazenar alimentos na dispensa de casa, num esforço para driblar a inflação.
A crise econômica abriu um universo de prateleiras para potinhos de plástico. Em 2016, a Tupperware viu sua unidade brasileira assumir o posto de líder em vendas do grupo globalmente. Em dois anos, a fábrica da marca no Rio — a única no país e em operação há 40 anos — subirá ao posto de maior no mundo, superando a unidade fabril mexicana.
— No Brasil, nossa produção vem crescendo 20% ao ano. Atualmente, a fábrica de Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, tem 40 máquinas, enquanto a do México tem 50. Mas, no ritmo atual, vamos superar a do México dentro de dois anos — explica Sebastián Nilo, diretor de Operações da Tupperware Brasil. — Nos últimos cinco anos, o Brasil vinha se colocando entre os cinco maiores mercados da companhia. Este ano, subiu a líder mundial.
No segundo trimestre do ano, as vendas da companhia no país medidas em reais subiram 41%, na comparação com abril a junho de 2015. Em dólar, o crescimento foi de 22%, impulsionando a expansão do resultado da Tupperware na América do Sul no período, que cresceu 8%, e amenizando o revés no resultado global, que encolheu em 4%, para US$ 564,7 milhões. Os mercados emergentes representaram 66% do resultado.
‘Marmita virou tendência’
O bom desempenho do Brasil para a fabricante de utensílios em plástico colorido é creditado a uma combinação de fatores, diz Luiza Souza, diretora de Marketing da Tupperware Brasil.
— De um lado, oferece uma oportunidade de ganho real aos colaboradores. De outro, é uma marca forte na memória do consumidor, que se lembra das reuniões na casa de amigos para conhecer os produtos, além da qualidade do material usado e do design das peças — conta ela. — No Brasil, com a ascensão e queda da classe média por causa da recessão, as pessoas querem manter o nível de indulgência conquistado nos últimos anos. E cresce a demanda por utensílios para acondicionar alimentos para estocar, congelar, transportar. A linha de potes para micro-ondas vendeu acima da média da companhia no segundo trimestre deste ano.
A recessão tem papel relevante na escalada de vendas de empresas como a Tupperware, avalia Ana Paula Tozzi, presidente da GS&AGR Consultores:
— Com a inflação e o aperto no orçamento, o segmento de refeições fora do lar sofreu um baque. Levar marmita para o trabalho virou tendência, assim como congelar comida em casa. Cresceram as compras em atacarejos. Isso também demanda utensílios para armazenar alimentos. Abre mercado para quem produz toda sorte de potes plásticos.
Exército de consultoras

Para manter a engrenagem rodando, a companhia criou uma espécie de plano de carreira para os revendedores, dos quais 92% são mulheres. A pessoa ingressa como consultora e pode avançar até chegar a distribuidora. Com isso, a empresa não precisa dispor de centros de distribuição espalhados pelo país, conta Luiza.
A história da companhia teve início nos anos 1940, nos EUA, quando Earl Tupper, um industrial, decidiu encontrar plásticos mais caros e transformar seu uso. Seu foco era encontrar aplicações para uso na cozinha. Nasceu assim a Tupperware, ou os utensílios do Tupper. O pulo do gato veio com a entrada de Brownie Wise no negócio, uma das precursoras da venda direta. Nos anos 1950, ela implementou o modelo de demonstração do produto em reuniões, que se mantém até hoje. Atualmente, são chamadas de experiências, mas seguem a fórmula de reunir um grupo de conhecidos ou vizinhos para uma demonstração dos produtos da marca por revendedores.
Para abastecer essa rede e saciar o apetite crescente do consumidor por potinhos da marca, a Tupperware investe na expansão da fábrica de Guaratiba. A unidade funciona 24 horas por dia, sete dias de semana. São 1.200 funcionários, produzindo de 60 milhões a 70 milhões de unidades por ano, sendo 95% vendidos no Brasil. O resto vai para exportação, explica Sebastián Nilo. Há uma pequena operação na Venezuela.
A Tupperware trabalha com uma logística de fôrmas itinerantes, sobretudo por razões financeiras. “Contamos com cerca de 4.500 moldes diferentes. Metade deles está nas 12 fábricas, o restante é itinerante, sendo usado de forma compartilhada pelas unidades”.
Tupperware em Números

70 milhões de unidades por ano são fabricadas aqui
95% dessa produção é vendida no mercado nacional
4.500 moldes diferentes são usados no mundo todo
A Tupperware é mundialmente conhecida por oferecer produtos de altíssima qualidade nas famosas reuniões, que hoje chamamos de “Experiências Tupperware”, nas quais um(a) Consultor(a) tem a oportunidade de demonstrar todos os atributos dos produtos, preparar deliciosas receitas, ao mesmo tempo que apresenta as mais variadas soluções para o seu dia a dia na cozinha.
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DONAS DE CASA SE VICIAM NOS PRODUTOS
Dona Isonete, é viciada em Tupperware. Compulsivamente, não resiste a uma novidade, formato e cor nova.
Adquire todos os potes e vasilhas e já perdeu a conta de quantas possui.
No You tube é possível ver postagens de vídeos de várias reportagens de mulheres viciadas. Até vídeos de piadas e depoimentos familiares de revolta com muito humor pode ser assistido.
Num de seus vídeos, ela mostra parte de sua coleção, ela diz que já deixou de pagar contas para comprar os produtos, mas a história é um pouco diferente. “A mulher [revendedora] chegou aqui em casa e eu estava saindo para pagar água e energia. Eu deixei de ir para ver as vasilhas. No vídeo, as pessoas entenderam que eu deixei de pagar, mas eu só paguei no dia seguinte”.
Hoje, as compras são mais esporádicas. “Compro moderadamente, porque quase todas eu já tenho. Só compro as novidades… Não posso nem ver que quero comprar”.
Assista ao vídeo de Dona Isonete, em que ela mostra sua coleção: