Todos os golpes citados pela reportagem do Fantástico de ontem, estavam na BlackList aqui do Portal. A Sucesso Network sempre apresenta as empresas e negócios suspeitos de golpe, para ajudar no combate a pirêmides.

O Fantástico fez um levantamento inédito e exclusivo sobre algumas empresas investigadas como pirâmides financeiras no Brasil.

Conforme o G1, em seis anos, os golpistas deixaram no prejuízo pelo menos 2,7 milhões de investidores e movimentaram quase R$ 100 bilhões.

Milhões de investidores se deixaram seduzir por um dos golpes financeiros mais antigos na praça, as pirâmides, que passaram a usar como isca o que muita gente ainda não entende bem: as criptomoedas: moedas virtuais negociadas na internet.

Os casos se multiplicaram nos últimos anos, mesmo com operações policiais, apreensões, prisões.

Algumas da empresas investigadas são:

  • Minerworld
  • Unick
  • MidasTrend
  • 3xbit
  • Wolf
  • Indeal
  • Atlas
  • Genbit
  • GAS
  • Braiscompany
  • BWA
  • RentalCoins
  • FX Winning
  • Bitcoin Banco
  • FSK
  • Fiji

As promessas de lucros exorbitantes foram a armadilha. A garantia de não correr riscos, uma farsa. Nas redes sociais, vídeos que arquitetavam a ação:

“Ei, pobre, sabe por que você não é rico? Porque não tem consciência de quem é. A minha mente é milionária, por isso que me tornei milionário. Olha no meu olho e vê se eu tenho dúvida do que eu tô construindo”, mostrava um vídeo de Antonio Ais, fundador da Braiscompany.

“A forma que o cara olhava, as lives que ele fazia todo dia, o poder de convencimento que esse cara tinha, que a coisa era real”, conta Acelino Popó, campeão mundial de boxe, uma das vítimas.

“Meu filho, eu entrei em depressão. Ajuntei com a minha família, pra botar tudo lá pra gente realizar o sonho”, diz Dona Maria, outra vítima.

Popó e dona Maria tiveram perdas financeiras com a empresa Braiscompany. Popó colocou R$ 1,2 milhão; dona Maria, R$ 97 mil. E enquanto vítimas começam a aparecer, o dono da Braiscompany, Antônio Neto e a esposa, Fabrícia Campos, sumiram.

O Fantástico conseguiu localizar o dono de outra pirâmide: Renan Bastos, da FX Winning, que movimentou R$ 2 bilhões e vive nos Estados Unidos.

Ele chegou a morar em um apartamento em Miami – em um anúncio na internet, o aluguel de um apartamento de 300 metros no mesmo condomínio custa em torno de 40 mil dólares por mês – no câmbio de hoje. R$ 200 mil.

Nas redes sociais, Renan Bastos mostra que continua desfrutando a vida, com gastos milionários que pagam muito luxo e extravagâncias. No Brasil, credores cobram, na Justiça, o calote dado por ele – apenas numa ação coletiva, no Tribunal de Justiça de Goiás, investidores pedem que Renan Bastos devolva R$ 100 milhões.

Ranking criminoso

A empresa que mais gerou vítimas foi a Trust Investing.

  • 1 milhão e 300 mil pessoas, não só no Brasil, mas em 80 países
  • Prejuízo acumulado das vítimas só desta pirâmide passa dos R$ 4,1 bilhões

Patrick Abrahão se apresentava como líder da empresa, mas nega ser um dos donos.

“Eles alegam que eu sou sócio da Trust. Todo mundo que me acompanha sabe que eu nunca fui sócio, eu sempre fui um investidor”, diz.

Ele foi preso em outubro de 2022 e solto no mês passado. As vítimas da Trust não recuperaram nenhum centavo ainda.

“A atuação do Patrick era direta. O Patrick recebia dinheiro em conta pessoal dele dos investidores. A Policia Federal encontrou outros elementos de prova como quebra de sigilo bancário e fiscal em cima dele”, diz Marcelo Mascarenhas, delegado da PF.

Na lista das empresas consideradas pirâmides financeiras, a que movimentou mais dinheiro foi a GAS.

  • Foram R$ 38 bilhões
  • Volume movimentado é tão grande que o dono ficou conhecido como o faraó dos bitcoins.

Glaidson dos Santos está preso, mas não apenas por crimes financeiros. Ele responde na Justiça pelo assassinato do investidor em criptomoeda e influenciador digital Wesley Pessano, de 19 anos.

O Ministério Público Estadual do Rio diz que o crime foi uma forma de eliminar concorrentes. Glaidson também acusado de mandar matar Patrick Abrahão, da Trust Investing.

Investigação

Câmara dos Deputados abriu uma CPI pra investigar a atuação das pirâmides financeiras com criptomoedas no Brasil. O presidente da Comissão é o deputado Aureo Ribeiro, do Solidariedade do Rio.

“A gente teve a oportunidade de escutar seus representantes, trabalhadores dessas empresas e ter clareza do que elas ofereceram aos clientes, como se dava a operação e o que se tornou as pirâmides quando as pirâmides não conseguiram mais pagar e devolver aos seus clientes os lucros prometidos”, relata Aureo Ribeiro.

Gladson e Patrick foram ouvidos pela CPI. O dono da GAS afirmou que teria dinheiro pra devolver aos investidores, o que foi recebido pelos deputado como mais uma afronta.

“Há recursos […] só que a Polícia Federal não tem a senha. […] Eu tenho a senha. […] Não passo [a senha] porque eu vou voltar com a minha empresa”, diz Glaidson.

A PF já confirmou que Glaidson tem criptomoedas guardadas, e que estão numa carteira digital apreendida em 2021. São mais de 318 mil dashcores – um outro tipo de criptomoeda: 318.499,50 – na época estavam avaliadas em R$ 437 milhões.

A PF monitora as carteiras digitais dele, mas ainda não tem as senhas que permitiram movimentação. Até hoje as vítimas não conseguiram recuperar nada.

Desde junho, o Brasil tem uma lei para o mercado de criptomoedas. A legislação reconhece o que são ativos digitais e trata das responsabilidades dos intermediários e prestadores de serviço, mas ainda precisa de regulamentação, que vai ser feita pelo Banco Central.

Para o advogado que tenta recuperar o dinheiro de vítimas, as autoridades precisam estar atentas aos movimentos dos golpistas.

“Hoje eu vejo já uma modalidade muito grande que é de pirâmide de curto período. São pirâmides que elas não vão ficar tão infladas, tão grandes que chamem a atenção dos reguladores. Então, hoje o que está sendo feito é basicamente, criam-se várias empresas de períodos curtos, dois, três meses e depois já faz outro. Enquanto uma tá ruindo, a outra está nascendo”, diz Artêmio Picanço.

A lei criou também um novo tipo penal: o 171 A. É o mesmo crime de estelionato que já existia – mas com uma pena um pouco maior quando se tratar de criptoativos.

A CPI foi prorrogada, só vai terminar em outubro mas já tem uma decisão. Pelas descobertas feitas até aqui, a legislação que acaba de entrar em vigor vai precisar de uma atualização.